Durante os 365 dias havia no Market Street lojas com faixas dizendo ''fechando as portas, liquidacao total''. Blowout sale, going out of business.
Market St he passagem obrigatoria para moradores e muitos turistas. Atraidos pela oportunidade unica na vida de comprar coisas em SFO por preco de ocasiao, milhares de pessoas passavam por ali e deixavam a carteira na compra de coisas inuteis por precos que nao eram exatamente a blowout.
Defendo aqui que o tonto, o trouxa, o comprador sem logica, impulsivo (mulheres e homens) sao muito importantes para o comercio, comunidades locais, governo, etc.
Se todos fossem como eu (racional e conservador na compra, apesar de investir pesado em negocios em relacao ao patrimonio, mas isso he outra coisa) ou se fossem como varios clientes que tenho que so compram galinha morta, vinhos ou produtos REALMENTE com precos muitos bons, estariamos ainda produzindo carros como Ford T preto, somente para a zelite.
Esse cara que eu chamo de enotrouxa cria (transfere) riquezas. Ao comprar um vinho que custou na origem R$ 18.00 (preco nacionalizado, com impostos incluidos) por R$ 120 o cliente esta movendo e acelerando a roda do comercio, eventualmente abrindo empregos e fazendo com que mais impostos vao ao governo.
Nao haveria comercio de imoveis atualmente se nao houvessse o trouxa (R$ 15,000 o m2??)
No caso do vinho, para ser mais especifico eu chuto aqui que ha dois tipos de trouxas: Aquele contumaz que jamais vai aprender que aquele ''champagne'' feito no RGS que ele compra por R$ 70.00 he realmente um lixo. Esse nunca vai aprender. Esse vai comprar calca rasgada de R$ 1,200 nas boutiques da Oscar Freire achando que fez um puta negocio.
Mas tambem temos o trouxa passageiro. Pessoas como voce e eu que ja pagaram caro em vinhos asquerosos, mas com um pouco de tempo fomos lendo, conversando e aprendendo sobre a loucura que cometiamos. Hoje somos racionais e chatos para comprar.
Esse cidadao rotulado carinhosamente de ''trouxa'' merece nossa atencao, respeito e admiracao. Obrigado por transferirem a economia muito mais que deveriam.
Assino embaixo. O Brasil sofre de uma combinação terrível de impulso consumista (a lá US) e falta gritante de cultura e educação. Até hoje me lembro de office boys que gastam metade do suado salário pra comprar um tennis Asics (ná época), por exemplo.
ReplyDeleteEstive discutindo isto com dois amigos semana passada. Um deles sempre fala que o maior problema do Brasil é a falta de educação financeira.
DeleteEntendo o ponto de vista. Mas á fácil para ele, assim como eu, notar isto:somos classe A e tivemos acesso a serviços que pouquíssima gente daqui tem. E viajamos e tal. E falamos outras línguas e tal. E concordamos em não usar bens materiais como status.
Aí pegamos uma classe desfavorecida, com falta de educação formal e financeira, em que a cultura local mostra que bem material = status. O cara ganha acesso ao crédito e os analistas querem que ele poupe para comprar à vista. Só que não: ele vai é parcelar ao máximo para ter, agora, aquilo que sempre quis e que pode (ou não) melhorar sua vida dentro de seu círculo (pode pegar um parceiro(a) melhor, mudar de emprego, conhecer gente nova e etc). O novato do crédito quer aproveitar agora. E não acho que ele esteja errado. Só tem de ser avisado das consequências...
disse tudo! é como a história do garçom que economizou 1 ano pra comprar o novo iphone (o primeiro brasileiro a comprá-lo). Retrato do consumo brasileiro. Em tempos de obsolescência programada o episódio fica ainda mais insensato, dado que a Apple lança um novo iphone a cada... 12 meses! Mesmo tempo que o garçom levou economizando.
ReplyDeleteMeliê, É a famosa corrida dos ratos!
DeleteSem contar que o trouxa náo é importante para o comercio apenas. É importante para os governantes. Socaram credito a rodo na galera. Agora que tá todo mundo cheio de divida, é só ir na TV e dizer que a oposicao vai cortar empregos e o bolsa familia-preguiça.
A sinergia de duas teses resultam neste brasileiro peculiar, o trouxa! Sao elas, "deterioraçao das trocas" e "aceitaçao social atraves dos supérfluos"!
ReplyDeleteA fabula, "o naufrago e a xuxa" faz uma otima caricatura dele, o "trouxa"!
Em sociedades como a nossa a ostentacao surge como a grande ferramenta de diferenciacao socio-economica. Um rei de camarotes na Scandinavia passaria como o maior trouxa de todos os tempos. Ja nas arabias das decadas de 70/80, russia, china, brasil o cara he invejado por muita gente.
DeleteO conceito de camarote nem existe na suecia. Ou se tem nao vi.
DeleteHaha