Leio com o prazer habitual mais uma serie de artigos interminaveis (gracas a relacao sempre muito, mas muito amigavel entre blogueiros, importadores e produtores) em B&B&D sobre um vinho feito na serra gaucha que deve acabar com os negocios de Amarone no mundo. Sim, o vinho foi feito a semelhanca do Amarone e poderia ser chamado de copia fiel nao fosse por nao ser da mesma regiao, tecnicas de cultivo diferentes, clima, uvas, e [se bobear] ate mesmo metodo de passificacao das uvas.
Quase a mesma coisa.
Escreve Dionisio (e mais um monte de gente que comentou sobre o $$) que o vinho foi posto a venda com precos astronomicos. Pior mesmo, no raciocinio entre os comentarios, seria considerar o custo do vinho pelo preco de venda.
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Pausa para filosofia
Empresas existem para gerar lucros para que possam manter os socios ou donos, para geracao de empregos, para pagar impostos, para gerar tecnologia, para (as vezes) melhoria das nossas vidas. Ta.
No comercio so fica muito rico rapidamente quem produz um produto (ou importa ou revende o dito) que custa $ x e passa o mesmo para frente por $ xxxxxxxxx. Basta ver quanto custa a producao de um ai-fone pelo preco de venda, seja nos USA ou no bananal.
Falando de produtores de vinhos eu conheco (la vem) pouquissimos corretos e honestos na serra. Honestos na producao dos vinhos, nos custos praticados na venda, nas praticas comerciais (nao trocam de distribuidor ou de vendedor ao sabor de poucos R$).
Essa turma correta e honesta leva uma vida dura. Falta a eles tambem uma empresa que espalhe noticias na web, que de garrafas a blogueiros (que nao tem esse poder de venda todo, ao contrario), a jornalistas (idem). Sao mais dedicados a producao do que a propaganda e fabricação de lorotas. Quando voce mesmo colhe suas uvas, nao tem tempo para encher a barriga de blogueiros ou jornalistas com sede.
Dependem do boca a boca para as vendas, e quando nao muito caem nas armadilhas de distribuidores predadores em SP, RJ e DF; gente que tem o habito de nao pagar contas.
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Intermezzo. Quase chegando na conclusao
Praticar precos abusivos ou fora da realidade por um produto ou servico deveria depender em tese do numero de competidores e oferta x procura. Aprendemos isso no ginasio (como se dizia na minha epoca de guri, tche).
Entao a cara de pau de cobrar R$ 200.00 por um vinho gaucho ou catarinense passa por cima das leis de mercado. A serra gaucha consegue distorcer as leis de mercado, e nao venha me dizer que propaganda mexe na elasticidade do preco nesse caso.
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Parte final
Portanto para o tio aqui nao importa tanto os precos ridiculos que sao praticados por importadores e produtores, mas o que esta dentro da garrafa e como foi feita o que esta na garrafa.
Muitos produtores (falo aqui de vinho fino) sao conhecidos por DIFOU (que significa isso, ministro Manteiga? -- em ingles se pronuncia difaulte) junto aos produtores de uva, pelo blend criativo de uvas americanas, europeias e marcianas, pela adicao de componentes (e haja componentes) que ''arredondam'' os taninos, acucares, alcool e eventualmente aromas e gostos e as vezes (muito comum no passado) a adicao de agua.
Resolve a questao por um vinho no mercado a R$ 12.00 uma garrafa que mal contem uva na producao?
Quem comete o pior pecado; o predador, ou o fraudador pilantra (redundância necessaria -- aquele que comete ambos pecados)?
Para mim de longe comete o pior crime o fraudador pilantra. Se o produto do predador fosse ao menos honestamente feito, causaria menos dano ao consumidor.
Se ha trouxa que cai na lorota do vinho caro e exclusivo, por mim, azar deles. Informação aos incautos ha.
Leio sempre o seu blog e o dos simpáticos e experientes cidadãos seniores de Bacco e Bocca. Acho estranho que vocês nunca assestem a mira dos canhões para os donos de restaurantes. Certa vez em um conhecido restaurante de Búzios, durante a quela fofoca toda das "salvaguardas"', me apresentaram uma carta de vinhos com a logo da Miolo Mole, e claro toda de vinhos produzidos pelos caras ou importados de Uruguai e Argentina por eles. Como eu estava bastante revoltado e participando direto do boicote aos gaúchos, disse ao maitre que não poderia jantar ali, pois não jantaria sem vinho e não consumiria nada da Miolo Mole, nem de cortesia. Imediatamente ele me apresentou outras garrafas de vinho italiano! Essa turma merece suas lambadas também!
ReplyDeleteAffonso,
DeleteNao so falo, como pratico boicote pessoal a restaurantes predadores. Por outro lado quando as vezes pago e como muito bem, falo e escrevo sobre isso tambem.
Sou mirim qdo comparado aqueles cidadaos de BSB. Gosto de ler as figuras.
Ser predador he um habito que esta no cromossomo de todo mundo no br.
JR,
ReplyDeleteEstamos em uma economia de mercado com preços concorrenciais, o valor deste vinho de uvas passificadas não se manterá frente as
demais ofertas.
Este trecho é do meu comentário a uma das matérias publicadas sobre o tema: " É de falsa superioridade a precificação em R$290,00/gf + frete, equivalente a comparação pela média de preços dos Amarones no Brasil, o qual não se sustenta pela semelhança do método.
Hedonisticamente, pelo prazer que proporciona seu concorrente direto, o Villa Bari Gran Rosso, da Vinícola Barrichello de Porto Alegre, seria neste patamar de preço que deveria se situar: R$70,00/gf."
Fiquei sabendo que a vinícola ficou muito contente com a repercussão do fato; falem mal mas falem de mim. Abraço.
Prezado,
Deleteseu comentario me colocou a pensar. Quantas pessoas realmente comprarao ou se interessarao por um vinho da vinicola YRXF apos a mesma estar envolvida em algum super thread na internet?
Eu nao sei.
Nesse caso a minha vontade foi zero de comprar o simpatico vinho. Mas sera que alguem (quantos???) vai arriscar a compra de um espumante pelo menos (que nao pode ser ruim, pelamor).?
Espero que sua boquinha esteja melhor.