Inga veio de Stockholm passar uma temporada aqui em Juazeiro. A medida que matavamos saudades ela me perguntou se as previsoes de economistas que muitas empresas e ativos brasileiros seriam comprados com precos la embaixo por conta da crise e da desvalorizacao do real que se concretizou no ultimo ano.
Falei que em parte isso aconteceu. Como se sabe o mundo vive uma epoca de fusoes e aquisicoes proporcionadas a base de alta alavancagem barata (zero/below zero bonds/interest rates for one thing) e do altissimo estoque de cash de varias empresas.
Apos contar a ela quais empresas foram adquiridas ou tiveram parte do capital vendido ao dinheiro dos capitalistas "sujos nao patriotas", ela me perguntou se eu havia ouvido de algum negocio envolvendo vinicolas nacionais.
Respondi num sueco meio broken "nein".
Boa pergunta. Por que nao ouvimos falar de empresas multinacionais comprando as vinicolas nacionais durante essa crise? Apos tomarmos um acquavit dos bons com um charutinho, deduzimos as seguintes hipoteses:
1. As vinicolas nacionais nao tem porte, faturamento, ou lucro que atraiam compradores. Vai perguntar a board de alguma gigante se ha algo atraente no Br.
2. Os produtos nao tem apelo, penetracao, qualidade ou qualquer outra coisa para justificar a compra.
3. O preco pedido por muita vinicola estaria fora da realidade. Como dizem por ai, ''o que o Nono diria se soubesse que vendemos a cantina a um grupo gringo? So por muito dinheiro se vende o sonho do nono''. Ta.
4. Quem tem algum interesse (deus, vai saber porque) em ter receitas oriundas do vinho feito no brasil, vai la e compra alguma terra (nao precisa muito), monta uma vinicola, compra as uvas (pagando quando quer) e produz o proprio vinho, geralmente com etiqueta e historia bonita. Quase como os vinhos da matriz na europa.
5. As vinicolas nacionais estao muito bem e nao haveria dinheiro que as comprasse.
6. Todas as alternativas anteriores.
Inga me perguntou se eu nao via um paralelo com a historia do vinho no brasil com a dos automoveis brasileiros. Afinal se ate na Espanha, Republica Czech, havia fabricas que foram compradas por grupos maiores (no caso VW), ninguem comprou a Gurgel porque nao era grande coisa mesmo.
Alem de inteligente he gostosa.
