E se o interior de Minas Gerais, ali na zona da mata tivesse um lago enorme no meio com água oriunda de degelo e glaciação, com estacoes de esqui estilosas, com uvas e vinícolas por todo lado, um povo hospitaleiro, muito aposentado vagando pelas ruas tentando driblar o tédio e o relógio biológico...um verão agradável e onde todos falassem inglês?
Esse lugar teria o nome de Okanagan Valley, possível de se achar logo ali no meio de British Columbia.
Certamente fora dos pacotes de viagens ou da lista de qualquer amante da Disney e dos outlets em New Jersey (um dos piores lugares do planeta).
O que gostei: as fazendas de pera, maçã, berries e morangos pelo caminho. O vivente entra na fazenda, pega o que quer e no final deixa um tutu na caixa de sapatos.
Para quem foi criado num lugar onde uma trava de direção era o item mais importante do carro, pegar fruta no pé e pagar de acordo com minha consciência ainda confunde a alma.
Os vinhos?
Esses têm um caráter muito europeu com requintes de novo mundo (frutaria controlada), oscilando entre as regiões mais frias e as mais quentes da europa por todo o lago (gostei mais do que tinha talento para o frio, ou seja...os cabernet e syrahs perdem para as outras uvas). Essas são europeias e também hibridas. Honestamente não esperava que as uvas hibridas pudessem produzir vinhos tao agradáveis.
Salve o preconceito burro. Confira a lista de uvas da província: https://www.winesofcanada.com/grapes-bcvar.html
Em particular os espumantes me impressionaram. Um deles certamente foi o melhor que tomei na vida, incluindo qualquer champagne.
Alguns vinhos gamay me fizeram desprezar por uns dias os Morgon. Deliciosos, vibrantes, com preços tao bons que pensei que fossem importados e engarrafados ali, mas então me lembrei de onde estava e relaxei o modo ‘’alerta de picareta’’.
Todos os lugares que visitei me contaram sobre a volatilidade climática recente. Seca, chuva, muito calor, muito frio na hora errada deram um calor na turma na hora de obter algo potável nos últimos anos.
Gostei do tamanho das vinícolas: Mesmo as maiores são bem pequenas comparadas aquelas corporativas do sul da fronteira e/ou europa.
O efeito do lago percebe-se bem nas vinícolas mais longe ou próximas, como também o efeito das sombras das montanhas (o lago tem orientação norte-sul) que fazem com que algumas horas de sol sejam muito raras em vários lugares.
Se o oeste de BC ainda sofre para produzir vinhos de qualidade internacional, Okanagan Valley já está no patamar de qualquer região de boa qualidade há um bom tempo.
O que não gostei:
A comida na região não empolga. Nesse aspecto a região me lembra muito a zona da mata de MG... nem no café os caras acertam. Tirando Vancouver (ali sim, um show) parece que os restaurantes são de brasileiros com cozinheiros do Suriname.
Veredito: Se você estiver por perto em qualquer época do ano, vale a viagem. Va com calma, curta as muitas vinícolas, algumas com paisagens encantadoras do lago. Aproveite o dólar canadense sempre amigável, como a boa gente da zona da mata de MG.
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