Wednesday, December 12, 2012

O ano das cervejas ‘super premium’


O ano das cervejas ‘super premium’

Marcas vendidas a mais de R$ 10 fazem parceria com distribuidoras de destilados e vendas crescem 12%, bem acima da média do setor 


Lílian Cunha, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - A Cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto, já estava dando 2012 como um ano perdido. No primeiro semestre, a empresa não conseguiu vender mais do que no mesmo período do ano passado. As vendas se estagnaram. Mas, depois de fazer acordos com cerca de dez empresas de distribuição especializadas em bebidas quentes, como uísque e vodca, o cenário mudou.
"Só nesse segundo semestre, vendemos 50% mais em volume do que vendemos na segunda metade do ano passado", diz Marcelo Carneiro da Rocha, fundador e diretor da cervejaria.
Em um ano em que o mercado geral de cervejas não deve crescer mais que 2% ou 3%, segundo as previsões mais otimistas, fabricantes de bebidas "super premium" - as cervejas que custam mais de R$ 10 a garrafa de 600 ml, como Colorado, Therezópolis e outras marcas nacionais - não têm do que reclamar.
Elas vão fechar 2012 com uma alta de média de 12% nas vendas em litros, de acordo com um estudo da Concept, consultoria especializada no mercado de bebidas. "Há aproximadamente quatro anos esse segmento vem se desenvolvendo, mas agora o crescimento é mais consolidado porque as pequenas fabricantes de cervejas super premium estão aprendendo a distribuir melhor seus produtos", diz Adalberto Viviani, diretor da Concept.
Essas cervejarias, segundo ele, fizeram acordos com distribuidoras especializadas em fornecer bebidas de maior valor agregado para bares e restaurantes voltados para as classes A e B. "São empresas regionais, com atuação focada em determinadas praças", explica Fernando Rocha, diretor de marketing da fluminense St. Gallen, fabricante da cerveja Therezópolis.
A própria St. Gallen, segundo ele, trabalha atualmente com cerca de 20 distribuidoras, cada uma focada em uma região do País. "Enquanto uma distribuidora de bebidas comum atua com 3 mil itens, essas pequenas têm no máximo 200, mas todos produtos de alto valor agregado", explica Rocha.
A Concept, segundo Viviani, fez um levantamento com 280 bares e restaurantes sofisticados de São Paulo. Em 100% deles, há alguma marca de vodca à venda. A tequila está em 87% e o uísque, em 85%. "Se as cervejarias aproveitarem a mesma distribuição dessas bebidas, elas chegarão ao consumidor que é o alvo do produto super premium que produzem. Por isso, elas estão buscando essas parcerias", explica Viviani.
Foi dessa maneira, segundo Rocha, que a Therezópolis passou a ser conhecida também fora do varejo especializado. Depois de firmar contratos com essas distribuidoras, de acordo com ele, representantes de redes de supermercado passaram a entrar em contato com a cervejaria. "Normalmente, em supermercado, é o fabricante que tem de brigar para conseguir um espaço na prateleira. Com a gente, a situação foi inversa. Os supermercados, que criaram espaços novos para cervejas especiais, começaram a pedir para gente vender para eles."
Atualmente, segundo a CervBrasil (Associação Brasileira da Indústria da Cerveja), as cervejas especiais representam em média de 4% a 5% do mercado nacional. Nessa fatia, também estão incluídas as super premium e as importadas.
Classe C. "Esse segmento cresce por causa do ganho de renda da população, pela maior oferta de marcas no mercado nacional e pela maior exposição do brasileiro a culturas estrangeiras", diz Paulo Macedo, diretor da CervBrasil e vice-presidente de relações corporativas da Heineken Brasil.
Embora o resultado do ano seja bom para as super premium, as premium(mais caras que as marcas populares, mas com preço abaixo de R$ 10) não avançaram em 2012. "As vendas vinham em bom ritmo, mas entre setembro e novembro, elas pararam de crescer", diz Macedo. "A classe C, que estava experimentando essas novas cervejas, ficou com o orçamento mais apertado e voltou para as marcas mainstream", diz ele, se referindo às cervejas populares.
Até mesmo essas marcas mais baratas, segundo ele, sofreram com o aperto da renda. Até outubro, as empresas do setor registravam uma queda nas vendas de 0,4% em volume na comparação com os dez primeiros meses do ano passado. "Esperamos recuperar nesses últimos dois meses do ano", afirma Macedo.
O problema, porém é que as cervejas (mesmo as de marcas mais baratas) tiveram aumento de preço de 14,8% este ano até outubro, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da Fipe. O que mais impulsionou a alta de preços, segundo Macedo, foi a alta do dólar. "Hoje, 60% dos custos são matérias-primas dolarizadas."

7 comments:

  1. JR,
    Dia desses, fui a um mercado aqui de Nova Petrópolis-RS e encontrei cervejas da Zehn Bier, de Brusque-SC. No passado já havia me espantado ao encontrar a Opa Bier, de Joinville-SC.
    O que tem a ver com o teu post?
    No contrarrótulo da Zehn havia a informação de que era distribuída pela Hemmer, tradicional empresa de alimentos, especialmente conservas, de SC.
    Uniu-se o útil ao agradável e assim ganham todos, inclusive eu, que me encatava com elas somente quando ía a Blumenau-SC, e que agora as compro do lado de casa, a um preço justo.
    Abraço!

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    1. Ola D. Alexandre.

      Entao mais uma vez mais uma pessoa diz que quando um produto estiver sendo oferecido a preço justo pela qualidade havera fidelizacao, compra, recomendacao, prsperidade etc etc.

      E ainda ha muitos que nao conseguem enxergar o obvio. Mas aqui entre nos e os 15 que leem esse blog: Nao ha mercado para tanto produtor de micro-cervejas. Infelizmente poucos ficarao de pe.

      SDS

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  2. Quem produz cerveja premium (consequentemente com preço bem maior) mira no segmento A, AB e ponto! Este pessoal nao sabe nada de classe C. A Classe C acaba é comprando mais das mesmas coisas que ja consumia. Isso justifica por exemplo o ganho de share das cervejas baratas.

    Obs. Pelo que sei a cerveja Terezopolis pertence hj a Itaipava. O pessoal da ex-Terezopolis é quem produz a St.Gallen que acaba sendo distribuida pela Itaipava.

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    1. Espressa,

      dessas cervejas que voce menciona nenhuma deveria ser chamada de premium pela qualidade. Somente no preco.

      SDS

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  3. Esse rótulo de cerveja “premium” (super premium é novidade para mim) ou cerveja gourmet, assim como a jabuticaba, parece existir só aqui no Brasil. Só serve para elitizar a bebida e torná-la ainda mais cara. Não existe um tipo “premium”, existe pale ale, pilsen, etc. Como passamos décadas consumindo apenas um tipo de cerveja (e de péssima qualidade), criaram um modo de explorar ainda mais essa obsessão que nós brasileiros temos por itens “finos”. É chique degustar cerveja “premium”. Há quem sinta orgulho de pagar quase 200 reais numa garrafa de Deus. E há muito produtor fazendo cerveja para esse tipo de público, que não quer qualidade, mas preço, status. Assim como há quem adora se exibir com uma garrafa de Moët Chandon nas festas de final de ano apenas para se exibir.

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    1. Bem escrito. Serio.

      Mas estamos falando de business, de dinheiro investido. Se o retorno vem mais rapido e maior com essa terminologia, sorte deles e azar dos tontos que pagam muito por pouco.

      Ha muita cerveja por ai que pinta uma garrafinha bonitinha, poe um nome instigador e dai o cara estoura. Em pouco tempo vende para uma multinacional e compra uma ilha por ai.

      G'd nite, mate.

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    2. Doni, mandou bem!
      Tô esperando a bolha das cervejas premium. Muita gente vendendo rótulo. Pipocaram cervejarias por todos os cantos do Sul e Sudeste. Essa Teresópolis (ah, não escreve assim?), por exemplo, não bate a simples e confiável Heineken. Tem de ver isso ae.
      Não será fácil separar o sério do charlatão, principalmente pq essa tarefa fica a cargo do consumidor médio deste Pindorama, um verdadeiro expert na matéria, cujo paladar foi formado por anos de xixi gelado.
      Oremos.

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