Friday, March 16, 2012

EDITORIAL EXTRA. Protecionismo e Barreiras. Consequências

Enquanto eu fico pasmo ao ver que pouquíssimas pessoas resolveram falar um minimo sobre a aberração protecionista eno-populista-brasileira, vou escrever aqui para mostrar aos poucos leitores (mas leitores de qualidade, o que me deixa muito mais satisfeito que milhões de acessos que pouco valem). Será que nada falam porque não tem capacidade cognitiva ou simplesmente querem agradar a todos? Não sei....


O que se conta e se sabe no RGS é que muito pavão (como tem puxa-saco dessa gente em eventos) está quebrado. Financeiramente são pintinhos bem mansos. Quebradinhos mesmo. E essa seria a última chance dessa gente tentar levar a vida. 


Sou economista amador, vou poupar todos de dados sobre o tema, mas lendo os excelentes economistas de plantão (todos tem blogs independentes, acompanhem essa turma) em varias línguas, da para sacar o que tem de ruim nessas medidas, sejam para quais produtos aplicadas.


acima uma foto de um produtor gaúcho que está todo contente com as novas medidas do governo que podem passar em breve. Mal sabe o que lhe espera....


Sobre barreiras e protecionismo + subsídios (ultra comuns na EU. Sabia que seu queijo italiano chega ao mercado somente por causa de subsídios? Tira isso e vai ver para onde vai o preço. Muitos lá quebrariam). 




O que causam nos mercados?


1. Primeiramente os subsídios criam uma distorção de mercado. O que era para custar XX aos consumidores acaba saindo por X, mas a custa do erário, aquele trouxa que sempre paga impostos. Ou então o governo banca a conta aumentando o deficit orçamentário.


2. As barreiras aumentam inflação interna. Como? Os produtores do mercado interno se sentindo mais protegidos e com menos competição aumentam os preços. ISSO SEMPRE OCORREU na historia humana. E os produtos importados, continuarão a entrar, só que com valor aumentado. Vinhos que custavam x passarão a custar x.4, xx....legal né?


3. O vinho tinto fino brasileiro sofre de um mal que muitos países nao tem: Condicoes agronomicas desfavoráveis. Se depender do clima da maldita serra para produzir coisas boas COM GRANDES VOLUMES senta numa cadeira (de preferencia das boas, importadas) e espera. Ou então parte para o laboratório. Compre bastante enzimas e produtos para alterar o gosto dos vinhos ordinários.


4. Com tanta informação disponível e a rápida disseminação dessa informação, o cliente hoje está ciente do que os produtores estão querendo e aprontando. Resultado? Boicote. E essa palavra pega e tem poder. Esses idiotas não percebem que no pais da cerveja e da cachaça ha zilhões de substitutos ao vinho. Compre acoes da INBEV. Aposto que o consumo de cerveja (posso chamar de cerveja aquilo??) vai subir. Mesmo para destilados.


5. Aumento do contrabando. Preciso falar mais sobre isso?


6. Aumento do sub-faturamento. Ah.....sabe o que é  isso? O importador vai pagar menos (oficialmente) ao comprador, mas vai pagar por fora grande parte da conta. Esse truque foi o que (segundo a receita federal) varias madames de SP fizeram para amealharem muito dinheiro em poucos anos. Aposto que a receita tem uma divisão para pegar essa gente, mas fica difícil pegar todos.


7. Com o limite de entrada de vinhos, as importadoras focarão nos vinhos melhores. OPA, COMO ASSIM?? Fácil. Elas vão importar os melhores pagando menos por eles. Nao vai compensar queimar muito volume com vinho ruim (que ficará mais caro). Se um tonto quiser importar milhoes de garrafas de lambrusco a 0,50 centavos de euro, será impedido de trazer os melhores vinhos. Haverá limite de importação, lembra?


8. Resultado de tudo isso? Prejuízo ao consumidor. Muitos serão punidos por causa de poucos. Mas também haverá prejuízo aos produtores em dinheiro e em imagem. E o nível dos vinhos importados melhorará por conta dessas barreiras. Vencedores nessa conversa? Europa, Africa do Sul e Argentina.


Abaixo, uma eno-carroça gaúcha que optou por proteção do governo.









1 comment:

  1. Já recebi uma daquelas petições online para que essas medidas protecionistas não sejam mais votadas. Se já tem gente se mobilizando para evitar o pior, se o pior vier, essa hipótese de boicote vai ficar muito forte mesmo. Eu mesmo boicotaria fácil, fácil o vinho local.

    Competição sempre gera o produto de melhor valor para o consumidor. Protecionismo sempre gera coisas como as carroças da era Collor, os Trabants da Alemanha Oriental, as Telesps da era pré-privatização...

    O vinho daqui não compete em igualdade de condições com o importado por conta de subsídios dados aos estrangeiros, por excesso de impostos locais e por que não temos as mesmas condições climáticas para produzir a matéria-prima de 1a. qualidade consistentemente. As duas primeiras razões se resolvem na caneta. A última, não. A tecnologia já ajuda muito, mas não resolve, ainda mais com essa ambição eterna dos produtores locais de fazer melhor que os caras do topo do ranking, com experiências seculares na produção.

    Belo nó que estão dando nesta indústria. Pena que, assim como no caso dos carros, o governo pensa primeiro em bater em quem vem de fora em vez de para de estrangular quem está aqui dentro.

    ReplyDelete